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11.7.05

hyperballad

Sou imediatista. Quero tudo naquela hora e não aprendi a esperar. Já aprendi a me desesperar, a me perder. Aprendi a amar a minha maneira. O tédio supremo que recita o poema de minha vida. Isso tudo só significa que perdi meu amor. O único grande amor de minha vida. É isso então que me move, ainda que quase instintivamente, a escrever.

Vivo numa biblioteca vazia, numa casa que não consegue mais dormir até tarde, num mundo que desabou porque no meu mundo o sustento é o amor.

Lembro-me da época em que qualquer um poderia ser o amor da minha vida. Qualquer pessoa que estivesse ao meu lado. Era mais simples pensar assim. Pensar que aquele olhar era o que me cativaria para sempre. Era a segurança de se ter um amor em quem pensar. Que moveria todas as barreiras porque ele finalmente existia. Mas foi uma mentira. Uma mentira sem volta.

É impossível sorrir quando as fontes da felicidade são desconhecidas. Seria uma mentira dizer que sou feliz. Não vejo motivos para tal. Minha vida sempre foi baseada no amor. O amor que tudo vence. Mas me mostram um amor contrário, desistente, ilusório. Onde foi parar o amor verdadeiro?

Confesso sim que preciso que alguém me ame para que eu seja feliz. É isso que tenho em meu coração. Ter alguém que me ame e eu ame também é tudo o que eu teria para agredecer. O resto vem com o tempo, a união. O afastamento só machuca, magoa, mata, trás lágrimas na memória.

Hoje eu continuo a viver a ilusão de que o amor da minha vida pode estar em qualquer lugar. Não vou desistir da minha busca. Não me importo em viver dessa forma. Meus sorrisos nem minhas lágrimas estarão completos enquanto eu não encontrar esse meu amor. Quero distância do que me machuca, porque a dor é enome demais e eu não vou aguentar.

Todas as noites, antes de dormir, eu choro. Choro um choro miúdo, daqueles que ninguém precisa ouvir. E mais um pedaço do meu coração se vai. Acordo algumas vezes e demoro a pegar no sono de novo. Nessas noites mal dormidas, se o coração se acabar, começarei a perder minha alma.

Cansei de ouvir o que você tinha a me dizer. Cansei dos conselhos e das coisas que quis mudar em mim. Amor de mentira, que quis mudar minha essencia. Amor fugaz, que não soube nem durar e ultrapassar as dificuldades. Por mais que fosse chama, esse amor não foi infinito enquanto durou. Duvido que tenha durado. Duvido que tenha sido amor.

Enquanto você deve estar aí, olhos marejados, posto que te digo verdades, eu estou aqui a ouvir o silêncio. Nem tudo é milimetricamente explicável pelo que chama de psicologia. Tudo o que se explica não é amor. Amor se vive, não fica buscando explicações. No entanto, você me obriga a buscar respostas.

A única resposta que encontrei foi que a escritora só sabe escrever enquanto lhe dói o coração.