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6.4.06

loucura

Se tem uma coisa que gosto é a escrita. A e4scrita e todas as suas formas, subversivas e detalhadas. Eu amo as entrelinhas pois está nelas o canal aberto para o seu imaginário, meu leitor imaginário. Mas sabe bem que meu encantamente vai além das palavras. Minha vida está carregada de imagens, não consigo mais desprender o olhar do pensamento. A questão é que a imagem não possui tantas entrelinhas como o texto. A imagem é a entrelinha completa, é o meu recorte do mundo que te mostro.

Se você tiver paciência e boa vontade, pode quebrar qualquer uma das minhas palavras e de meus textos em poucos segundos. Mas a imagem não: a imagem é o que é, não há como modificá-la, meu recorte de mundo no momento de uma determinada foto é aquilo intacto, pleno.

Outra interpretação sobre o que escrevo pode ser "ela escreve coisas sem sentido, não há como ler". Pois pode realmente ser isso, por que não? Isso que você entende das entrelinhas. Tão logo, a fotografia é a loucura estampada em frente aos seus olhos. A imagem é perturbadora, porque é aquilo e pronto. É o registro daquele estado, daqueles movimentos, expressões. É loucoura, enfim, porque nunca mais será igual. É como se colecionassemos pedaços de vida que nunca mais voltarão na esperança de eternizá-los.

Olhar a imagem é um quase tê-la, tomar contato com aquilo que foi. No entanto já foi, o momento eternizado nada representa além da louca tentativa de eternizar o que já passou.