kissing the day
Enquanto o fotolog não me deixa postar imagens bonitas, posto apenas palavras aqui. Último post de férias.
Enquanto olho por meus amigos, espero aqui sentado e nada espero do mundo, na verdade. Acredito que ninguém chegará para me socorrer. O dia que a encontrei marquei no calendário. Faço isso sempre, há dois anos já. Faço isso sempre. Mas há dois anos atrás eu não fazia.
Meu calendário nem tam muitas marcações das vezes que a encontro. Vejo mais meus amigos do que a vejo, no fim das contas. Ela me aparece uma, talvez duas vezes por mês. Ela passa por mim e não me nota. Sei que não me nota. Sei que sou um mero personagem, pedaço de paisagem em sua vida. Mas eu a marco em meu calendário.
Existem dias em que meu pensamento é tomado por ela. Dois anos já. Apenas dois anos. Houve um tempo em que eu não era um mero personagem. Houve um tempo em que eu realmente fazia parte de sua vida.
Fomos amigos, fomos sim. Nos falávamos. Nos víamos mais. Hoje nem nos falamos, malmente passamos como paisagem na vida um do outro. Aconteceu o que aconteceu. Um dia qualquer - e esse dia não marquei no calendário - ela disse que me amava. Eu não disse nada. Chovia. Fui chorando pra casa. Não sei porque chorava.
Fui a um bar, mas não fiquei muito tempo lá. Estava em minha casa, decidi telefonar pra ela. A mãe atendeu. Disse que ela ainda não tnha voltado pra casa. Fiquei preocupado. Ninguém sabia onde ela estava. Aonde teria ido? Fiz o caminho de volta.
Chovia. Eu vi de longe uma poça de sangue. Sem tumulto nem nada. Apenas uma poça. Apenas um corpo. Uma culpa que dura tanto e tão pouco. A resposta nunca dada. O amor nunca correspondido. O sangue. A morte. A paisagem que sou em sua morte e a que ela é em minha vida.
Ela me aparece uma, talvez duas vezes por mês. Ela passa por mim e não me nota. Sei que não me nota. Sei que sou um mero personagem, pedaço de paisagem em sua vida. Mas eu a marco em meu calendário.