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9.1.05

cúpula de concreto

Sobre as prisões nas quais vivemos, todo o tipo de prisão que temos na vida. Ah! E é um texto enorme.
Infelizmente quando olho pela janela, não vejo mais o céu. Nem o azul, nem o cinza, nem qualquer outra variante. Só os muros que cercam minha casa. Essa casa vai se tornando uma prisão com o passar dos anos. Por isso às vezes é bom andar sozinho. Sempre sozinho. Querendo ou não, posso ver o resto do mundo estando sozinho.

E eu saí, mas isso foi ontem. Hoje estou a escrever, porque a única coisa que a cúpula de concreto me permite é escrever o que foi ontem. Também temer o que será amanhã. Saí, e na esquina, tinha um ônibus quebrado. Todos os passageiros subiram no ônibus no qual eu estava e muitos deles só souberam reclamar. As pessoas só sabem reclamar. Reclamam que é culpa do governo. É moda dizer que tudo é culpa do governo. É moda reclamar. E eu que o diga.

E andando sozinhos continuamos. Já percebeu como todos nós vivemos a nos procurar? Estamos sempre sozinhos, sempre buscando estar com alguém. Encontrar alguém em especial, que possa nos acompanhar sempre, que nos faça feliz. E no fim, ficamos sozinhos mesmo, porque esperar que alguém chegue pra andar conosco nem sempre é a melhor escolha.

Existem algumas vantagens por ter sido criado em uma cúpula de concreto. Quando saio de casa, mantenho um olhar de turista e, por mais que eu faça o mesmo trajeto inúmeras vezes, encontro algo novo. Passo por uma mesma rua por 8 anos da minha vida. Ontem encontrei uma casa que nunca tinha visto antes. O fato de começar a andar de ônibus só agora também é uma vantagem. Do ônibus temos um olhar superior sobre as coisas. Sobre o mundo. Sobre nós mesmos.

E eu pensei que sou como o clima de Curitiba. Indefinível. Imprevisível. Nem eu mesmo posso me prever. Ontem eu carregava uma sombrinha. Fazia sol e calor. Eu tinha medo da chuva que poderia cair. E caiu. Mas não usei a sombrinha. Não precisei. Antes eu era mais duradouro, agora sou mais efêmero. Antes eu podia escrever romances longos. Acho que hoje não posso mais. As frases são curtas e os diálogos confusos e quando a idéia morre, não há como ressuscita-la. Esse texto que escrevo agora, por exemplo, já está longo para o meu normal. No entanto, ainda não cheguei ao fim. Porque o meu fim agora é efêmero, assim como meus sentimentos.

Nem mesmo amar eu sei amar igual. Nenhum tipo de amor dura mais como antes. Porque meus sentimentos tornaram-se efêmeros e inconstantes. Parece que não vivo mais uma verdade, só um punhado de mentiras que tornam-se verdades por instantes. E logo voltam a ser mentiras. Só espero. Já que no fim caminhos sempre sozinhos.

Acredito que não há quem possa me salvar. Não sou sozinho nem triste, apenas confuso. Penso nas diversas pessoas que vi no dia e que cada uma delas sofre esse mesmo mal que eu sofro. Porque todos se procuram desesperadamente. Ninguém se agrada em estar solitário no mundo. Sempre temos alguém com quem contar. Pra quem contar. Com quem se encontrar.

E volto pra casa. Sentado no ônibus, o sono veio me embalar. Mas eu não fechei meus olhos, fiquei olhando pela janela. Foi quando vi uma pessoa. Ela andava sozinha. Do outro lado da calçada, outra pessoa caminhava sozinha na mesma direção. Logo atrás dessa segunda pessoa, outra pessoa sozinha caminhava na mesma direção. Uma pessoa. Outra pessoa. Terceira pessoa. Sozinhas todos. Formavam assim um triângulo.

Um pouco mais atrás, vinha uma família. Os três juntos. O ritmo dos seus passos era diferente. Entre a pressa e a preguiça, andavam. Um homem. Uma mulher. Uma criança. Uma família. Queria ter uma família para andar comigo e sair dessa cúpula de concreto na qual me encontro. Imagino que deve estar fazendo sol, apesar de ainda não mais conseguir olhar para o céu. Faz calor.