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25.12.04

a fuga de todos nós

Ainda me perguntam porque passo a vida dentro do meu quarto. Se eu estou ao lado de fora consigo apenas escutar as vozes que gritam, discutem entre si. preferi então escolher e não ouvir isso. Me desligar do mundo. Tanto faz se me julgam anormal ou não por causa disso. Já não me importo como antigamente. Hoje apenas vivo a minha felicidade aparente fora daqui.
Olhando lá fora faz sol. Estou com frio aqui dentro. Aqui é música que gosto. Posso chegar a qualquer lugar. Já não importa, posso até mesmo rir alto e sozinha. Possivelmente ninguém me escutará. Ninguém nunca me escutou aqui de dentro. Nesse mundo paralelo me encontro sozinha, isolada e ainda por escolha própria.

Alguém apareceu para me falar. Fingi na hora rir, acho que entendi o que me falavam. Mas já passou. Não entendo mais. E eu vou além. Todos nós estamos fugindo. Todos nós. Todos estamos vivendo em nossos mundos, e eu mais do que ninguém. Estamos fugindo, correndo, queremos nos encontrar mas nos perdemos. Nos esquecemos uns dos outros. Somos egoístas, egocêntricos, narcisistas e qualquer outro termo individualista que exista na face da terra.

E quem realmente se importa no final? Quem realmente está aqui pra viver lá fora? É verdade, ninguém está aqui porque esse é o meu mundo. Não faria sentido algum ter alguém por perto agora. Até mesmo meus pensamentos estão vazios, não há ninguém além de mim. Acabei fugindo de todos, mas não posso fugir de mim. Quanto tempo mais eu olho o céu azul e o sol lá fora, mais quero ficar aqui, porque aqui é frio e ainda posso sentir o vento gelado tocando meu rosto.

E eu fugi também de você. Fugi de todos aqueles que um dia disseram que me amavam. Eu fugi, corri, porque a solidão é mais interessante. Aqui a música continua interessante. Aqui vejo pedaços do passado que ficaram estáticos no tempo. Não gosto que me olhem, que me observem. Não gosto de ser chamada quando o fim chega ao fim. Espelho da minha face mais narcisista. Depois de conhecer uma pessoa assim, não é preciso conhecer mais ninguém.